A rainha do Oceano
Victor Ciriaco
Sob
um grupo de nuvens cinzentas, margeando uma terra distante,
Aguardando
a chegada de ninguém além de meu próprio eu,
Minha
sombra lunar sussurrava ao meu lado,
Recusando-se
a esmaecer pelo milagre do amanhecer.
Milhas
e milhas sendo tragado pela poeira espiral,
Negligenciando
o pulsar de meu próprio coração,
Apenas
a beleza do vazio compartilhava seu consolo.
Estava
nadando de fato ou a maré estava apenas me enviando ao infinito?
Não
conseguiria te responder, disso tenho completa certeza,
Contudo,
no bater das ondas de luz viva sobre mim
Me
aventurei com passos incertos em direção ao som cálido que entoava versos doces
e misteriosos,
Enquanto
o ecoar surreal de cada nota despertava cada um de meus lados imersos em
profundo sono.
E
então, eu a vi.
Caminhando
sobre as águas, embora a superfície não a tocasse,
Embora
o espaço a minha volta se expandisse ao passo que ela se aproximava,
Embora
sua beleza repelisse toda e qualquer lei do tempo.
E
vi que ela possuía as faces do oceano, bela e ainda assim terrível,
Em
sua mão direita portava meus desejos e na esquerda as chaves de meu
interior.
Poderosa
e bela, como a tempestade que recai sobre todas as existências feitas de pedra.
Em
seu caminhar espectral em meio a tormenta de tantos pesadelos guardados em mim,
A
mescla de interperie e calmaria se tornou um alivio doce quando vi que seus
lábios continham meu nome.
Ao
tocar minhas pálidas mãos na pele mais alva que pude contemplar,
Senti
vestígios de vida transbordarem sobre toda extensão de meu interior,
Me
tornei um com a rainha do oceano,
Sedento
por mais um dia de brisa sublime,
Por
mais uma noite de impetuosa tempestade.
Por
tua surrealidade me tornei real.
Me
tornei um caçador de sonhos.
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