quinta-feira, 28 de abril de 2011

Ciclo eterno

Ciclo eterno
Victor Ciriaco

Mais um dia passado, mais uma noite perdida
Acordado ou adormecido,
Vivo ou morto, não sei definir.

Sonhando inúmeras vezes com a pintura a desbotar suas lindas cores
Tentando achar a saída para os portões da alma
Porém vejo a cada seguindo as prisões que me acorrentam
Com ataduras em meus olhos,
Ouço a eternamente os gritos silenciosos de meu espírito.

Rasgo quadros e quebro molduras, continuo a ver a bela e aterrorizante pintura de meus sonhos
Não vejo o seu rosto porém , vejo cada detalhe de seus olhos, cada contorno de seu ser,
Como se a visse em diversas eras e ainda assim, tudo volta a ser novo a cada fatídica noite
Nunca escutei sua voz porém, a escuto a cada segundo em que ainda estou aqui
Vozes de alegria e dor,
Sorrisos e lágrimas, céu e inferno.

Ela me diz o que a vida é, uma efemeridade sem fim
Contudo, tudo o que ocorre a faz ser tão bela e ainda assim tão triste.
Cada toque, cada suspiro, cada vida criada e tirada...
O gosto do vento passando por minha pele, cada calor gelado do fogo que me consome,
Cada oceano que mergulho, me perdendo e me encontrando mais e mais
Mas no fim, nunca senti ao menos o seu toque,
Mas posso sentir ainda assim meus anseios sendo silenciados pouco a pouco por sua beleza

Vivendo uma agonia sem fim,
Sensações distantes, visões tão tristes
Torturante e belo, ainda estou aqui.
Preciso crer, preciso ver, preciso sentir.
Tudo em sua essência começa e se esvai em apenas um suspiro
Preciso entender o por que

A vida em sua origem é tão inexplicável
Um breve momento de prazeres mistos
Um sonho que sou incapaz de acordar,
Uma melodia que nunca serei capaz de compreender
Uma pintura bela que nunca poderei tocar.

Em seu curso, cada respirar meu jamais retornará ao meu pulmão, me trazendo uma nova vida
Entrando em desespero, caminhando sem destino pelas estradas astrais
Um porto desconhecido para descansar

Olhando para minhas mãos, vejo-as maiores que a de tempos atrás
Tudo me mostra que tudo mudou, o ciclo das vidas continuou o seu curso interminável
Vidas e vidas se sobrepõem a minha existência,
Apenas queria que tudo pudesse ser eterno, pudesse ter ouvidos para escutar o som de cada voz, de cada espírito,
De cada gota que somos caindo no oceano de nossas existências

Preciso libertar-me, preciso voar, preciso transpor
Mas vejo que apenas a incerteza impera
Pois, como o farei se os grilhões que me prendem são sentidos como algo imutável?

Gritando sempre em silêncio,
Chorando sem lágrimas
Vendo através de um olhas falho por onde quer que meus pés alcancem
No fim, estamos todos sozinhos,
Possuímos apenas fé, desejo e o caminho que percorremos.

Então, sozinho percorro eu,
Escutando a sinfonia da noite com o balsamo de seus anjos
 Hora acolhendo-me com ternos braços,
Hora pra cantarem coisas que nunca poderei suportar

Fingindo  sorrisos, demonstro o choro,
Escondo o coração.
Se eu abrisse meu peito, poucos o abraçariam,
Poucos cantariam meus desejos e voariam comigo,
Poucos me convidariam para um momento infinito

Sempre caminhando, sempre procurando
Sempre atado em minhas eternas correntes.

Talvez um dia, eu verei seu rosto
Nesse dia, entenderei a paz real
Nesse dia, verei seus olhos, sentirei o calor de sua pele,
Ouvirei o som de sua doce voz.

Preciso ter, preciso ouvir, preciso sentir.
Outra noite, outro fim.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

A viagem das terras de Além-mar

A viagem das terras de Além-mar
Victor Ciriaco


Velejando estou para as terras longínquas de além- mar
Um local único, inexplorado e inesperado
Não carrego nada ao meu lado em meu barco,
Em minhas mãos e minha mente, apenas carrego vontade e desejo
De pisar no solo das ilhas do sonho, onde a erva verde cresce do solo, onde a vida brota a cada nascer do sol
Onde o som da chuva torrencial que banha a terra me faz adormecer

Preciso ir, preciso chegar
Os mares revoltos se levantam sobre mim por dias e dias
Trovões não cessam a cada segundo atormentador
Porem a cada piscar de olhos posso observar,
As belas ondas quebrando sobre a praia
A vasta imensidão do infinito com suas cores incontáveis

Minha nau é do tamanho de meu sonho, mas sou tão jovem!
Meus braços são fortes e nadarei eternamente se for preciso!
Não sei o que me reserva porém, senhores do mar
Nunca cairei!... Tolo.

Quantas vezes afoguei-me sobre este vasto oceano de angústias,
Sendo levado para longe de minha casa, minha mãe terra
Águas que eternamente me levarão para longe,
Perdão minha mãe, perdoe-me meu pai... Eu não voltar, não posso voltar, não há como voltar.

Levanto-me mais uma vez, abro meus olhos contemplando a manha que se apresenta após a tormenta
O mar sereno me engana com o canto das sereias de minha vida, fazendo-me crer que ainda posso sentir meus pés tocarem as terras brancas mais uma vez,
Agarro-me forte aos destroços de minha nau destruída pelo mar bravío,
Porem, não posso retirar meus sonhos de minha mão,
Guardados em meu coração, selados em minha alma, tudo está
O desejo está vivo a melodia das terras brancas ainda ecoa belamente
Embalando-me em minha doce e implacável viagem

Cruzando, os sete mares do medo e dor
Caçando sonhos, perseguindo estrelas cadentes
Sonhando encontrar um coral de salvação
Mergulhando a cada tempestade e ressurgindo das águas cristalinas a cada brisa

Um mar de lagrimas choro eu a cada vida que passo
Por favor, ventos dos céus, soprem a meu favor
Por favor, areias brancas, aproximem-se de mim

A maré me leva sem destino,
Flutuando sem âncora sobre as terríveis e calmas águas
Não tenho mais força, mas preciso ter
Senhor dos céus, veja o meu martírio
Mostre os sinais das estrelas, mostre me que ainda sonham com a minha chegada

Oh, quanto tempo se passou desde minha partida?
Dias? Meses? Anos?
Eu prometi que chegaria, meu espírito me prometeu,

Há quanto tempo não escuto a silenciosa voz do amor
Aqui, nesse local onde tempo e espaço não existem não há vozes
Não há afago ou sorrisos...
Apenas eu, meus sonhos e meu inimigo mar...

Com meu último suspiro, meu último fôlego,
Largo tudo o que me sustentava, agora nada mais importa
Por muito tempo estive longe, por muito tempo ansiei que os ventos me levariam,

Desisti de acreditar que seria guiado
Mesmo que agora nada mais faça sentido, agora nadarei
Nadarei por meus sonhos, nadarei por minha alma, nadarei por meu coração

Buscando o amor há muito tempo afastado de minhas mãos vou eu
Mar negro, tormentas ferozes, senhores do mar
Nada mais é importante

Meus olhos me enganam?
Sei que não tenho força para chegar, mas há alguém acenando para mim?
 Eu posso ver! Eu posso ver!
Logo eu, um caçador de sonhos vão, uma alma errante em um mundo frio
Vejo um belo vestido branco, cabelos soltos como a relva, pela intocada pelos tempos

Oh minha bela dama, com as belas areias em que você esta, guarde meu sonho que tanto lutei para lhe entregar
Eu fiz tudo o que podia, tudo o que podia... Estou tão longe, eu sei
Mas sei que podes me ver não é?
Não plantei meus pés sobre as areias, porém estou feliz, cheguei ate onde devia
Vi minha vida passar a cada gota d’água que pude contar, vi  quetodos precisamos nadar nosso mar
Afogarmos-nos e ressurgimos a cada manhã,
Caçarmos nossas estrelas, mesmo que não pisemos em nossa terra branca.

Muito obrigado sonhos meus, muito obrigado bela dama
Apenas voar é preciso...

sábado, 9 de abril de 2011

Sonhos em um mar de prata.

Sonhos em um mar de prata
Victor Ciriaco


Cada soprar do vento, cada dançar das folhas
As maçãs a caírem das árvores, sobre o jardim triste
Mostra-me que nunca estaremos aqui mais uma vez,
Apenas mais uma vez...

Talvez se a mão dos dias de sol amarelo que vivi me tocasse novamente,
Tudo poderia ser diferente, porém...
Cada badalar do relógio me mostra que só memórias restam dentro de mim

Oh, vívido amor, uma bênção e uma maldição
Uma tragédia e comédia em que sou apenas um mero ator
Mostre-me como ver, me mostre como sentir,
A frieza das minhas noites chora seus pesares a cada piscar dos meus olhos.

Ah, como eu queria, como eu desejo, com todo o fôlego de minha alma
Ver aquelas belas terras de meus sonhos outra vez,
Ver o céu do dia com toda imensidão do azul intocável,
Ver o céu da noite com seu brilho negro resplandecente,
Observar cada beijo da lua no mar...


O gosto verde de cada vida sobre a minha vida
O som do ir e do vir...

Cada amor, cada dor se tornando um
O tempo se tornando um mero espectador de um belo espetáculo
Nunca estivemos aqui, nunca estaremos aqui, isso é só um sonho
Porém eu sonho e continuarei sonhando,
E a torno real mesmo que por um segundo apenas para sentir
Seu coração junto ao meu

Oceano de águas prateadas,
Derrame suas belas ondas sobre mim apenas mais uma vez
As terras em que sobrevôo permanecem tão secas desde que você partiu,
Contudo, tudo se renova a cada momento surreal,
O amarelo volta a tomar os tons de verde e azul, do mais intenso negro as cores se libertam mais uma vez,
Tomando mais uma vez os tons do arco- Iris de nossas lembranças...

Contemple os meus olhos dama de meus sonhos
Só uma vez, por favor, só uma vez
Estou aqui sozinho, um estranho na noite tentando encontrar o caminho que me leva ate você,
Uma criança perdida nas fendas do tempo.

Sei que minha jornada me levou cada vez mais para o abismo profundo
Peço-te apenas que segure minha mão,
Ensina-me a sonhar os teus sonhos, a falar as tuas palavras a ver quem tu és
Vamos ver juntos, agora e para sempre
Além dos limites que nos cercam, alem dos céus distantes que me separam de você,
Alem dos destinos que foram traçados há eras atrás.
Um sonho irreal, palavras vans, algo puro e impensado,
Talvez seja isso recitado aqui, não sei se o que sinto ecoara dentro de você,
Mas o que seria melhor? Viver eternamente em terras brancas sem a paz que busco em você?
Ou morrer nadando sobre as águas tentando chegar aos vales que tu habitas?
Eu não sei, eu não sei...

Apenas rezo aos céus que as letras que nunca conseguirei escrever,
As palavras que nunca consegui entender,
O gosto que nunca poderei provar,
A vida que nunca terei,
Os sons e as belas melodias da vida que vejo fluírem em você,
Cheguem ate as areias em que seu coração adormece,
Trazendo o amor que um tanto ansiei que voce compartilhasse comigo

Apenas um sonho meu, nas águas do mar de prata...
Perdido entre os sentimentos...
Tão distantes...


Para você.