quinta-feira, 16 de junho de 2011

Frio


Frio
Victor Ciriaco

E então, na fatídica noite a criança nasceu,
Banhado pelo som escarlate
Uma balança e uma faca foram postas em suas mãos
Um mero instrumento a serviço do destino,
Com um passado vivido no futuro banhado a escuridão

Tentado, agraciado, chamado por musicas antigas,
Provando o doce sangue em seu crescimento
Através do orvalho da manha,
Aonde a floresta morre repentinamente eu cresço,
O que sou eu?
Quem sou eu?

Alimentado por hordas de pensamentos intensos,
Tendo como ombro  amigo sombra e pó,
Esperando um dia pra ver algo que os santos chamam de sorriso
Abandonado ao acaso,
Movido pelo vento dos céus
O que sou eu?
Quem sou eu?

Levantando prudentemente,
Ouço suas vozes
Digam-me o que fazer!
Digam-me o que fazer!


Como eu queria apenas uma vez seguir a trilha,
Correr como o vento, senti-lo através de mim
Sentir as gotas da chuva me molharem eternamente.

Mas estou aqui,
Frio.
Sozinho, morto, Ausente

Deus dos céus, aqui está frio! Tão frio!
Não há harmonia que me salve dessa dissonância
Não há um momento que feche meus olhos
Que não possa ver as ondas de um mar escuro  vindo mais uma vez sobre a pequena ilha que estou
Frio! Tão Frio!
Salva-me, aqui estou eu e esse quadro tenebroso.

Porem houve um dia.
Houve o dia que as ondas cessaram,
A dissonância se findou, sendo preenchida por uma bela e terrível melodia,
O tempo e a vida se curvaram diante de seu toque,
Agora eu entendo, talvez  eu entenda,
É você? Belo quadro.
Será você?

Eu sinto, vejo, ouço e me alimento do desejo de meus anseios se acabarem
Sendo guiado pela vontade de vencer o mundo através de seus olhos,


Mate-me, cura-me, guie-me, leve-me para casa.
O esconderijo das sombras caiu diante da beleza angelical branca,
Diante dos envolventes fios negros,

Dois seres que sempre fui se tornaram um em mim,
Mais um dia que haverá paz.
Mais uma vez, para sempre.

O destino esta aos meus pés,
Suas vozes sussurram que faremos nossa própria estrada,
Rápido ou sereno,
Alvo ou obscuro,
Céu azul ou cinza,
Intenso como o sol da manha.

Mas no fim, está frio.
Está tão frio!
Estou aqui denovo, como uma criança imóvel, com medo.
Reconstruindo o esconderijo dos sonhos.

Eu encontrei,
Encontrei.