terça-feira, 2 de julho de 2013

Corona Atlântica

Corona Atântica
Victor Ciriaco



Sou um menino aprisionado em corpo de homem,
Um sonhador, que tem como amigos uma pena e palavras antigas,
E enquanto eles sussuram nos cantos de minha mente,
O pêndulo dos desejos se curva,
A horas resvalam soltas sobre a dança eterna do tempo.

Cada letra faz-me lembrar da imensurável força das águas da vida,
Elas batem,
Levantando e abaixando as mãos de forma maquinal, elas quebram sobre mim e carregam minha alma
Apenas para regojitar-me mais uma vez de seu seio silêncioso,
Torturando-me, escorregando seus dedos e deitando-me em terra firme sempre que eu me afogo.

Ouça!
O som de nossos espíritos, emanando tremor sobre toda a terra,
A sedução hipnótica, banhada entre os caracteres de amor e ódio.

Sinta!
O rugido poderoso do mar sobre cada grão de areia,
O canto das sereias que te leva cada vez mais fundo,
A flauta profana e o alaúde abissal,
Lhe fazendo espectador de sua própria dor e sofrimento.

E no puxar e quebrar das ondas a pergunta ecoa, sobre as falésias da incerteza:
O desejo romântico de deixar as ondas levarem seus pensamentos ainda vive em você?
Pois, a fúria da tempestade, trás o odor intragável do hálito salino,
Dobrando seus joelhos, fechando seus olhos.

Essa condição tão simples mantem minhas mãos aprisionadas!
Saber que elas brincam, sorriem e incomodam,
Faz-me ver que bater meus braços na água é apenas afundar.
Truque interessante em um plano universal.

A decadência natural me força a ver o que realmente sou,
Uma existência fadada a navegar, exalando silício.
Aprendendo a gostar da prisão que não me permite respirar debaixo dela,
Que a medida que se levanta, torna-me dormente e faz cócegas em minhas mãos.

A decisão é clara.
A escolha de caminhos a sua frente é apenas fruto de seu orgulho inútil.

Pois, quando se conhece o o próprio fim, apenas a jornada importa.