quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Contos de uma viagem sem fim

Contos de uma viagem sem fim
Victor Ciriaco



Do alto do trono de nossa falída graça,
Professamos as palavras do tempo do fim,
Choramos as lágrimas que tangem os céus,
Em uma harmonia tênue entre o levantar e o deitar.

Talvez,  a existência não tenha um propósito em si,
Pois, semeamos nossos corações em terra santa,
Enquanto a terna mão da ilusão me embala,
E a sua voz encantadora me alimenta na eternidade irreal.

Caravanas de astros brancos acenam para mim,
Enquanto deito só sobre as colinas da dúvida,
O vento proclama mais uma vez seu canto de solidão,
Grito, e como resposta, escuto minha própria voz.

Caminhando, sempre caminhando entre as nuvens de sombra e pó,
A tempestade delas me faz cair nas ríspidas restrições do real,
Mostrando que ainda estou aqui mais um dia pela manhã,
Que sou um órfão do fogo, uma criança inocente,
Que precisa levantar mais uma vez e cruar a estrada de pontos imutáveis,
Para assim, alimentar-me mais uma vez da doce ilusão nas fendas na noite brilhante.

Eu e você estamos em um devaneio eterno pelas viagens do tempo,
Enquanto dizemos que a ilusão é verdade,
Enquanto dizemos que a verdade é ilusão,
Enquanto somos meros instrumentos nas mãos de nós mesmos.

Estou tão cansado, tão cansado de voar sem destino,
De escrever textos e cantar sonhos,
Enquanto ainda vejo todas  as minhas páginas em branco, e seus ouvidos surdos.

Estrela cintilante,
Faça me sentir o amor puro que vem de tua luz,
Revela-me os teus segredos com apenas um sorriso,
Para que assim, meus sonhos acordem e tomem vida
Deixe-me tomar meu lugar entre os limites do céu, para que assim eu saiba que sou.

Correndo, sempre correndo.