Ciclo eterno
Victor Ciriaco
Mais um dia passado, mais uma noite perdida
Acordado ou adormecido,
Vivo ou morto, não sei definir.
Sonhando inúmeras vezes com a pintura a desbotar suas lindas cores
Tentando achar a saída para os portões da alma
Porém vejo a cada seguindo as prisões que me acorrentam
Com ataduras em meus olhos,
Ouço a eternamente os gritos silenciosos de meu espírito.
Rasgo quadros e quebro molduras, continuo a ver a bela e aterrorizante pintura de meus sonhos
Não vejo o seu rosto porém , vejo cada detalhe de seus olhos, cada contorno de seu ser,
Como se a visse em diversas eras e ainda assim, tudo volta a ser novo a cada fatídica noite
Nunca escutei sua voz porém, a escuto a cada segundo em que ainda estou aqui
Vozes de alegria e dor,
Sorrisos e lágrimas, céu e inferno.
Ela me diz o que a vida é, uma efemeridade sem fim
Contudo, tudo o que ocorre a faz ser tão bela e ainda assim tão triste.
Cada toque, cada suspiro, cada vida criada e tirada...
O gosto do vento passando por minha pele, cada calor gelado do fogo que me consome,
Cada oceano que mergulho, me perdendo e me encontrando mais e mais
Mas no fim, nunca senti ao menos o seu toque,
Mas posso sentir ainda assim meus anseios sendo silenciados pouco a pouco por sua beleza
Vivendo uma agonia sem fim,
Sensações distantes, visões tão tristes
Torturante e belo, ainda estou aqui.
Preciso crer, preciso ver, preciso sentir.
Tudo em sua essência começa e se esvai em apenas um suspiro
Preciso entender o por que
A vida em sua origem é tão inexplicável
Um breve momento de prazeres mistos
Um sonho que sou incapaz de acordar,
Uma melodia que nunca serei capaz de compreender
Uma pintura bela que nunca poderei tocar.
Em seu curso, cada respirar meu jamais retornará ao meu pulmão, me trazendo uma nova vida
Entrando em desespero, caminhando sem destino pelas estradas astrais
Um porto desconhecido para descansar
Olhando para minhas mãos, vejo-as maiores que a de tempos atrás
Tudo me mostra que tudo mudou, o ciclo das vidas continuou o seu curso interminável
Vidas e vidas se sobrepõem a minha existência,
Apenas queria que tudo pudesse ser eterno, pudesse ter ouvidos para escutar o som de cada voz, de cada espírito,
De cada gota que somos caindo no oceano de nossas existências
Preciso libertar-me, preciso voar, preciso transpor
Mas vejo que apenas a incerteza impera
Pois, como o farei se os grilhões que me prendem são sentidos como algo imutável?
Gritando sempre em silêncio,
Chorando sem lágrimas
Vendo através de um olhas falho por onde quer que meus pés alcancem
No fim, estamos todos sozinhos,
Possuímos apenas fé, desejo e o caminho que percorremos.
Então, sozinho percorro eu,
Escutando a sinfonia da noite com o balsamo de seus anjos
Hora acolhendo-me com ternos braços,
Hora pra cantarem coisas que nunca poderei suportar
Fingindo sorrisos, demonstro o choro,
Escondo o coração.
Se eu abrisse meu peito, poucos o abraçariam,
Poucos cantariam meus desejos e voariam comigo,
Poucos me convidariam para um momento infinito
Sempre caminhando, sempre procurando
Sempre atado em minhas eternas correntes.
Talvez um dia, eu verei seu rosto
Nesse dia, entenderei a paz real
Nesse dia, verei seus olhos, sentirei o calor de sua pele,
Ouvirei o som de sua doce voz.
Preciso ter, preciso ouvir, preciso sentir.
Outra noite, outro fim.
Que profundo cara!!!!!
ResponderExcluirRealmente muito bom, valeu a pena ter lido, queria comentar algo inteligente mas isso não é da minha pessoa, então digo o que eu realmente achei: PERFEITO !!
ResponderExcluirNossa Vii, que lindo!
ResponderExcluirNa verdade (que FODA!)
Adorei!!!!
Juro, de verdade mesmo mesmo!
Como diz o post a cima ... PERFEITO!!
Não sabia que vc era bom assim!
Vou ler sempre ...
Parabéns rapaz. Muito bom, Tá simples e profundo, uma visão um quanto limitada pelas amarras do niilismo? (risos), mas texto ótimo, parabéns, esper outros. Abraço!
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