domingo, 22 de fevereiro de 2015

A grande tragédia de Nerak: Thalamus



A grande tragédia de Nerak: Thalamus
Victor Ciriaco








 Há quanto tempo estou dormente, supenso nas sombras da luz?
Quantas eras vagando pelo  inconstante espaço tempo?
Cada fim me mostra um outro início, movendo-me para longe de casa,
Para um plano além do que meus olhos conseguem contemplar e conceber como real.

Os horizontes caem como máculas de um firmamento incerto,
Enquanto endosso em minha cabeça a coroa carmesim de meus pecados,
Clamo pelo canto das nereidas perdidas na espera de um sorriso doce,
Mas assustadas elas observam, escondendo suas faces sobe longas tranças.
Ali havia apenas uma figura deformada, distorcida pelos vetores incontínuos de uma existência fadada a padecer.

"Não vá até o fundo, viajante. Desespero é tudo o que você encontrará"

O peso do homem esmaga meus pensamentos,
Cego e acreditando enxergar, preso no fluxo contínuo do nada,
Majestade de um oceano repleto silêncio.

“Siga, nade, esmaeça e retorne” entoavam elas em um frenético canto.
"Torne-se o triunfo dos afogados, pinte seu arabesco,
Zarpe do porto paradoxal de si mesmo
O opulento paraíso ainda se encontra distante,
E sua viagem será tão mortal como as folhas mortas que beijam as águas em que és rei..."

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

A rainha do oceano



A rainha do Oceano
Victor Ciriaco



Sob um grupo de nuvens cinzentas, margeando uma terra distante,
Aguardando a chegada de ninguém além de meu próprio eu,
Minha sombra lunar sussurrava ao meu lado,
Recusando-se a esmaecer pelo milagre do amanhecer.

Milhas e milhas sendo tragado pela poeira espiral,
Negligenciando o pulsar de meu próprio coração,
Apenas a beleza do vazio compartilhava seu consolo.

Estava nadando de fato ou a maré estava apenas me enviando ao infinito?
Não conseguiria te responder, disso tenho completa certeza,
Contudo, no bater das ondas de luz viva sobre mim
Me aventurei com passos incertos em direção ao som cálido que entoava versos doces e misteriosos,
Enquanto o ecoar surreal de cada nota despertava cada um de meus lados imersos em profundo sono.

E então, eu a vi.
Caminhando sobre as águas, embora a superfície não a tocasse,
Embora o espaço a minha volta se expandisse ao passo que ela se aproximava,
Embora sua beleza repelisse toda e qualquer lei do tempo.
E vi que ela possuía as faces do oceano, bela e ainda assim terrível,
Em sua mão direita portava meus desejos e na esquerda as chaves de meu interior.
Poderosa e bela, como a tempestade que recai sobre todas as existências feitas de pedra.

Em seu caminhar espectral em meio a tormenta de tantos pesadelos guardados em mim,
A mescla de interperie e calmaria se tornou um alivio doce quando vi que seus lábios continham meu nome.
Ao tocar minhas pálidas mãos na pele mais alva que pude contemplar,
Senti vestígios de vida transbordarem sobre toda extensão de meu interior,
Me tornei um com a rainha do oceano,
Sedento por mais um dia de brisa sublime,
Por mais uma noite de impetuosa tempestade.

Por tua surrealidade me tornei real.
Me tornei um caçador de sonhos.

sábado, 11 de outubro de 2014

Gênesis





Gênesis
Victor Ciriaco






No principio, além do tempo,
Encontrava-me sem forma e vazio,
Meu espirito, ainda cativo, percorria a superfície do desconhecido.

Diga-me como acreditar: Verbo ou ciência?
Apenas sei que a energia fluída e onipresente que transcorria mediante a ausência sonora abriu janelas em minha mente,
Fazendo-me voar para longe, alcançando o limite das sombras,
Presenteando-me com a leveza da criação.

Pude ver tantas coisas que seus olhos pensariam se era apenas um truque da propria vontade,
Ecos de fantasias invisiveis, fata morgana.
Contemplei estrelas nascerem compartilhando luz pura e o calor vindo do ventre universal,
Observei o firmamento entre o céu e a terra hibrida, me brindando com a consciência da eternidade,
Corri, com pés descalços, por toda erva verde que brotava livre na extensão da terra,
E, assim, pude ouvir o canto divino ecoar sobre o prisma de todas as eras,
Dizendo-me o que fui, o que sou e o que hei de ser.

Enquanto o doce sabor astral me faz levitar além de meu plano,
A eterna passagem de presente e futuro me mostra o caminho mediante ao fundamento de todas as coisas
Encontro no fim dos luminares suspensos a chave para a porta do meu ser
E o silêncio preenche tudo aquilo o que pretendia dizer.

Cortinas de luz e sombras esmaecem enquanto a tristeza se dissipa,
O sopro em minhas narinas mostra que somos apenas um em uma viagem dotada de elementos que nunca iremos compreender.