Emergir
Victor Ciriaco
Quantas
e quantas vezes tropecei sobre meus próprios pés?
E
por quantas vezes enganei meu pequeno coração com promessas de um belo
amanhecer
A
vida já me ofereceu tantos banquetes,
E
eu, sem perceber, desliguei as luzes, retirei os pratos, fechei as portas.
Deus,
sou uma criança tão pequena!
Não
sei andar com meus próprios pés,
Não
sei ver com meus próprios olhos,
Apenas
sei dobrar meus joelhos, enquanto as lágrimas rolam através de meu rosto.
Tudo
que sei, é que posso sonhar,
Cada
vez que ergo meus olhos ao céu posso sonhar,
Que
um dia minhas mãos serão maiores,
E
que poderei voar, voar para longe,
Para
um lugar onde todos os meus sonhos sublimes me aguardam.
Pai,
estou tão cansado,
Tenho
vagado tanto por aqui.
Sem
um porto para chegar,
Sem
um terno abraço no fim do caminho,
Eu
nem sequer lembro-me de uma mão acenar pra mim em minha partida.
Lembro-
me apenas que estou caindo,
No
mar tão doce do esquecimento,
Enquanto
a culpa em minha me faz querer afundar lentamente,
Enquanto
o belo perde a sua cor, e da harmonia surge a dissonância.
Mestre,
Faça
me ver as estrelas do céu mediante a tantas luzes da terra,
Mostre-
me que com tuas asas posso planar até a terra que tu me mostrar,
Que
mesmo com um coração quebrado ainda posso transpor uma triste lembrança,
Faça
me crer que a manhã já está chegando,
E
com ela, posso ter forças para emergir das águas,
Quero
alcançar o sol, onde tu estás.