domingo, 12 de fevereiro de 2012

A dama e o gato

A dama e o gato
Victor Ciriaco


Haverá um dia em que minha voz se silenciará,
Haverá um tempo em que o som de minhas lagrimas congeladas ao chão irá preceder o silencio puro,
Haverá um tempo em que minhas palavras dançarão pelo vento,
Compartilhando minhas suplicas de salvação,
A tudo o que se assenta acima de minha cabeça.

Permaneço trancado na velha mansão de minha mente,
Sendo torturado pela perseverante dor,
Sem saber onde fim começa,
Sem saber se o começo possui um fim.

Os quadros desse assombrado recanto observam-me,
Um misto de tenebroso e belo invade meu peito,
Enquanto mentiras são sussurradas em meus ouvidos,
Em forma de antigos fantasmas que minha inocência alimentou.

Cada um deles me chama,
Nas vestes da alva dama e seu gato negro.

Enquanto os frios lábios da fantasmagórica dama tocam os meus,
Escuto os gritos dos quadros dessa casa como uma comemoração regida pelos sons do misterioso gato.
Uma aquisição nova nós temos!  Dizem eles.
Posso sentir a tenaz batalha que percorre através de minhas veias,
O que ser? Quem ser? O que sou?
Como posso me definir, se toda vez que tento atravessar as portas desse lugar,
A falta de luz da silente casa me seduz!

Não posso mais distinguir os dias que se seguem,
Pego para sempre nas veredas da escuridão.

Existem cores e luzes se unindo nos céus,
Vejo-as formar a mais bela aurora,
Banhando as terras que outrora eram minhas com uma paz encantadora,
Porém, agora me torno parte desta mansão para sempre,
Com meus novos e irmãos, sou mais uma peça rara nas mãos da dama de branco.

Através das janelas desse obscuro e silencioso lar,
Vejo as luzes que vem de fora, as cores clamando por minha volta,
Sinto solo abrir aos meus pés,
Sinto a luz invadir o meu ser.

Ainda há esperança para mim.

Um comentário:

  1. well, i think your writer-style is unique. haha :)
    i liked it! good work!
    Orsi

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