Criança tola, escadaria do tempo, toque sem seu instrumento
Houve um tempo em que pude ver seus olhos através da lua branca,
Tempos que residem em minutos de uma noite fria de inverno,
Horas que descansam sobre os aposentos da lembrança,
Carregando sorrisos nas asas de um toque.
Apenas lembre-se de mim no momento em que acendi a chama,
Em que toquei em seu rosto para aquecer teu coração
Para silenciar teus anseios e saciar tua alma,
Para longe meu coração voando está,
Para as terras alem das lagrimas que meus olhos puderam chorar
Para os campos além dos gritos e sussurros que escutei
Preciso ir para além dos sonhos , voar através do medo , nadar até o mais profundo desejo
Escrevi todas as letras que pude para ti,
Porém preciso ver tantas coisas que o ar me oferece,
O alvorecer da manha, o brilho da cidade, o por do sol, a lua de prata...
Coisas que queria ver através dos meus e dos seus olhos
Mas percebi que tudo eram apenas sonhos de um coração jovem que precisou ser moldado
Sou apenas uma criança descalça em um mundo frio,
Criado do gelo de cada coração, da neve de casa pesar.
Tola e feliz criança, abençoada seja por sua inocência,
Percebi que tudo o que fiz se expressava em uma bela música
Contudo, toco cada nota nos dias que se passam e não escuto nenhum som,
Nenhum som.
Minhas mãos são tão errôneas assim?
Ou meus ouvidos me enganam?
Preciso mais uma vez, colar o instrumento que se quebrou,
Afinar as cordas de meu coração, para poder compor minha humilde canção
Ah, que saudades dos tempos em que escutava a melodia de meu interior,
Que cada acorde, cantava um desejo, um riso, uma lagrima
O simples me parecia tão belo, tão belo...
Sentar-me nas escadarias do tempo e tocar minha canção sem instrumento algum
E rezar, esperar para que o trem do destino chegasse, trazendo alguém para sentar-se ao meu lado, jogar uma moeda no chapéu por gostar de minha canção.
Criação triste e magnífica a vida é,
Queria tanto saber ao menos quanto a minha vale
As poucas moedas que me deram não servem nem ao menos para eu me levantar.
Pedi apenas para que alguém segurasse minha mão
Eu sou a criança que não pode ser salva, a única que não pode ser salva,
Pois, não importa por quanto eu brinque nas ruas dessas terras,
A dor permanece aqui, ele permanece aqui desde sempre. Em cada piscar de olhos,
Para guiar minhas mãos, para me seduzir
Para fazer que eu mude uma nota de minha melodia e faça esse mundo chorar.
O silencio é um crime.
Quero ser livre da vida fria, vida falsa
É isso que recebo por responder ao chamado dançante da melodia do universo
Por usar o meu amor e mostrar minha música nesta cela fria,
Não encontrei as respostas para as minhas perguntas,
O que encontrei foi uma simples estatua de mim mesmo em uma sala antiga
Que descobri por pular a janela de um castelo dos sonhos...
Permanecer na escuridão, afogar-me em ausência
Ausentar-me em solidão, esse será o preço de minha melodia terrível e obscura
O preço de minha decepção é mais alto do que imaginei que pude pagar com tão poucas moedas
Então, não peça perdão por tempos em que seu intimo não quer que o trem do destino leve.
Perdoem-me todos, não posso embarcar,
Preciso ficar agora e para sempre, pois ficarei aqui enquanto o meu coração flutua na mais perfeita nuvem
Quantos sonhos, quantas asneiras
Desejos de um coração de uma criancinha tola
Anseios de um pobre garotinho descalço e ao relento,
Que um dia pensou que podia abraçar e ter o mundo em suas mãos,
E entregá-lo em forma de uma melodia única em suas mãos.
Então não chores mais minha bela, por favor
A vida lhe brindará e ira lhe dar o mundo que não lhe entreguei se quiseres.
Então não chores mais minha bela, por favor
A vida lhe brindará e ira lhe dar o mundo que não lhe entreguei se quiseres.
Ainda estou sentado nas escadarias do tempo, faça-me uma visita,
Encontre-me lá, não é difícil me achar,
Pergunte pelo que não pode ser salvo,
Pergunte pelo que toca sua melodia com o instrumento da alma partido,
E as cordas do coração desafinadas.
Jovem, tão jovem. Até um dia meus amigos ou talvez um adeus, pois quero adormecer na estrada tortuosa,
Ate lá, beberei da mais profunda sabedoria, vinda da fonte daquela primeira noite em que acendi a chama para nos dois.
Terei tempo para me salvar?