Corona
Atântica
Victor Ciriaco
Sou
um menino aprisionado em corpo de homem,
Um
sonhador, que tem como amigos uma pena e palavras antigas,
E
enquanto eles sussuram nos cantos de minha mente,
O
pêndulo dos desejos se curva,
A
horas resvalam soltas sobre a dança eterna do tempo.
Cada
letra faz-me lembrar da imensurável força das águas da vida,
Elas
batem,
Levantando
e abaixando as mãos de forma maquinal, elas quebram sobre mim e
carregam minha alma
Apenas
para regojitar-me mais uma vez de seu seio silêncioso,
Torturando-me,
escorregando seus dedos e deitando-me em terra firme sempre que eu me
afogo.
Ouça!
O
som de nossos espíritos, emanando tremor sobre toda a terra,
A
sedução hipnótica, banhada entre os caracteres de amor e ódio.
Sinta!
O
rugido poderoso do mar sobre cada grão de areia,
O
canto das sereias que te leva cada vez mais fundo,
A
flauta profana e o alaúde abissal,
Lhe
fazendo espectador de sua própria dor e sofrimento.
E
no puxar e quebrar das ondas a pergunta ecoa, sobre as falésias da
incerteza:
O
desejo romântico de deixar as ondas levarem seus pensamentos ainda
vive em você?
Pois,
a fúria da tempestade, trás o odor intragável do hálito salino,
Dobrando
seus joelhos, fechando seus olhos.
Essa
condição tão simples mantem minhas mãos aprisionadas!
Saber
que elas brincam, sorriem e incomodam,
Faz-me
ver que bater meus braços na água é apenas afundar.
Truque
interessante em um plano universal.
A
decadência natural me força a ver o que realmente sou,
Uma
existência fadada a navegar, exalando silício.
Aprendendo
a gostar da prisão que não me permite respirar debaixo dela,
Que
a medida que se levanta, torna-me dormente e faz cócegas em minhas
mãos.
A
decisão é clara.
A
escolha de caminhos a sua frente é apenas fruto de seu orgulho
inútil.
Pois,
quando se conhece o o próprio fim, apenas a jornada importa.